Sair do armário, um desafio

Nada melhor do que comemorar! Dias de festas, dias de passeios... A novidade é que o dia 11 de outubro foi decidido, pelo Grupo Estruturação de Brasília, como o ‘Dia de Sair do Armário no Brasil’. A ideia inicial surgiu nos Estados Unidos, em 1988, quando Robert Eichberg, seu parceiro William Gamble e Jean O’Leary, todos membros do grupo militante National Gay Rights Adovocates, decidiram que no dia 11 de outubro daquele ano seria celebrado o National Coming Out Day (Dia Nacional de Sair do Armário).

A proposta desse dia, aqui no Brasil, como nos Estados Unidos é a de sociabilizar os homossexuais e os heterossexuais, em prol de um sociedade em que a orientação sexual e a identidade de gênero possa ser melhor aceita e respeitada. Segundo o livro “Nova York Gay: gênero, cultura urbana e o mundo do homem gay”, escrito por George Chauncey, o termo “sair do armário” passou a ser usado no século 20. “Pessoas gays nos anos anteriores à 1ª Guerra Mundial não falavam de “sair para fora (coming out)” do que nós chamamos atualmente “armário”, mas sair para o que eles chamavam sociedade homossexual ou o mundo gay”.

Mas “sair do armário” não é algo tão fácil e simples quanto parece. Porque além do preconceito que existe na sociedade, a auto aceitação pode ser a parte mais dolorosa e conturbada na vida de um homossexual. A psicóloga Danielle Tavares conta que “a homossexualidade não é uma doença, nem desvio de conduta, mas sim, uma forma diferente de manifestação da sexualidade. Ninguém escolhe ser homossexual. O desejo emocional e sexual por pessoas do mesmo sexo surge espontaneamente, da mesma forma que acontece com os heterossexuais”.

Outro grande obstáculo é falar do assunto com a família, e como indica a psicóloga é importante que os pais de um homossexual abram mão dos preconceitos que ela carrega sobre a homossexualidade e incentive a compartilhar com outros pais de homossexuais os pensamentos e sentimentos que estão vivenciando. Por outro lado, não é fácil para esses pais saber que seus filhos sentem atração por pessoas do mesmo sexo, e quando sabem disso, eles se sentem frustrados com as próprias expectativas. “Normalmente começam a questionar aonde podem ter errado na educação dos seus filhos. A atitude mais adequada que os pais devem ter quando suspeitam que seus filhos possam apresentar comportamentos homossexuais é procurar uma ajuda psicológica”, indica Danielle.

José Benedito Ferreira conta que foi fácil se aceitar e o medo que tinha se foi, ao contar para seus pais que é homossexual. Hoje ele vive melhor consigo mesmo, e quando foi questionado pela Revista Zoom como é a convivência com seus familiares e amigos do dia a dia, diz que é normal e que seus amigos “sabem e não falam nada, pois eles me aceitam pelo o que eu sou, e nada irá mudar. Hoje vejo que existem pessoas verdadeiras e que o preconceito ainda existe, mais logo será coisa do passado”.

Atualmente o preconceito não é tanto, se comparado a década passada, hoje já existem várias organizações que lutam pela melhoria dos direitos legais dos homossexuais e por uma visibilidade maior. E perceptível que as pessoas estão olhando os homossexuais como pessoas normais, o tema ‘homossexualidade’ é debatido com mais naturalidade em centros acadêmicos, reuniões da sociedade e em programas de TV e filmes. “A discriminação está diminuindo a cada dia. (sic) Diante disso, escolas, empresas, sociedade em geral, devem aceitar essas pessoas da maneira como são, sem preconceitos, sem discriminação, se portando de forma natural.”, explica Danielle.