Ele estava conversando com um amigo quando cheguei, aparentava estar um pouco ansioso, não sei se por me esperar ou por não ter nenhum cliente marcado para aquele horário e o tempo parecia não passar. Vestia-se com uma calça jeans e uma camiseta de listras pretas e cinzas, a roupa combinava com o dia nublado e escuro, mas parecia que tudo ia clareando a medida que começou a contar sua história de vida.
A vida sem retoques
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Uma questão de atitude
Marcadores: ModaO modo de se vestir está intimamente ligado à evidência de sentimentos, sensações e atitudes. Com a proximidade das estações mais quentes do ano, primavera e verão, as pessoas buscam roupas mais coloridas, leves e confortáveis. Desta forma, a moda inspira e possibilita várias maneiras de apresentar ao mundo e a si mesmo as características de uma personalidade.
O consultor de modas de Pouso Alegre, André Costa Mendes, revelou quais as tendências para o verão 2010 e as preferências do público LGBTT. Uma forte aposta para a estação, segundo ele, são as calças e shorts “boyfriend”, que na linguagem da moda significa um corte mais ousado e que se caracteriza por ser mais larga entre as pernas. Além disso, há novidades para as peças femininas e masculinas. Uma proposta sensual para as mulheres são os “super-justos” que servem para vestidos, tops e calças e as peças em “balonês” continuam fortes para a estação. Já para os homens o jeans mais justo é a principal tendência, assim como, as camisetas pólos e os decotes em “V”. De uma maneira descontraída, André deixa seu recado: “Galera vamos aproveitar e usar tudo neste verão, a estação agradece”.
As inovações da moda acontecem diariamente e cada um as faz de maneiras diferentes. O público LGBTT possui diversos estilos de se vestir e estão atentos a todas as mudanças. O consultor relata que as pessoas deste meio buscam mais inovações como, por exemplo, o uso de acessórios. Ele conta que a preferência está em cintos modernos e estilosos, calçados, bonés e para os que gostam, braceletes e munhequeiras.
“Os homens homossexuais são mais vaidosos e se cuidam melhor, lógico, não podemos deixar de lado a vaidade feminina que é um ato natural. No mercado de moda e beleza, os homens homossexuais estão saindo na frente, estão preocupados em estar bem vestidos e com uma aparência estética ótima”, afirma André.
Atento aos cuidados e especificações da próxima estação, o estudante e modelo, Kaio Augusto Silva, considera os acessórios peças fundamentais para se construir o estilo de uma roupa, além deixar a pessoa mais atraente. “Colares e pulseiras são ‘mega’ tradicionais e não podem faltar no look de uma balada. A roupa é fundamental, mas os cuidados com o corpo são mais ainda! Unhas feitas, limpeza de pele, os cuidados com o cabelo e exercícios físicos ajudam na construção de um corpo saudável e em forma”.
Sair do armário, um desafio
Marcadores: ComportamentoNada melhor do que comemorar! Dias de festas, dias de passeios... A novidade é que o dia 11 de outubro foi decidido, pelo Grupo Estruturação de Brasília, como o ‘Dia de Sair do Armário no Brasil’. A ideia inicial surgiu nos Estados Unidos, em 1988, quando Robert Eichberg, seu parceiro William Gamble e Jean O’Leary, todos membros do grupo militante National Gay Rights Adovocates, decidiram que no dia 11 de outubro daquele ano seria celebrado o National Coming Out Day (Dia Nacional de Sair do Armário).
A proposta desse dia, aqui no Brasil, como nos Estados Unidos é a de sociabilizar os homossexuais e os heterossexuais, em prol de um sociedade em que a orientação sexual e a identidade de gênero possa ser melhor aceita e respeitada. Segundo o livro “Nova York Gay: gênero, cultura urbana e o mundo do homem gay”, escrito por George Chauncey, o termo “sair do armário” passou a ser usado no século 20. “Pessoas gays nos anos anteriores à 1ª Guerra Mundial não falavam de “sair para fora (coming out)” do que nós chamamos atualmente “armário”, mas sair para o que eles chamavam sociedade homossexual ou o mundo gay”.
Mas “sair do armário” não é algo tão fácil e simples quanto parece. Porque além do preconceito que existe na sociedade, a auto aceitação pode ser a parte mais dolorosa e conturbada na vida de um homossexual. A psicóloga Danielle Tavares conta que “a homossexualidade não é uma doença, nem desvio de conduta, mas sim, uma forma diferente de manifestação da sexualidade. Ninguém escolhe ser homossexual. O desejo emocional e sexual por pessoas do mesmo sexo surge espontaneamente, da mesma forma que acontece com os heterossexuais”.
Outro grande obstáculo é falar do assunto com a família, e como indica a psicóloga é importante que os pais de um homossexual abram mão dos preconceitos que ela carrega sobre a homossexualidade e incentive a compartilhar com outros pais de homossexuais os pensamentos e sentimentos que estão vivenciando. Por outro lado, não é fácil para esses pais saber que seus filhos sentem atração por pessoas do mesmo sexo, e quando sabem disso, eles se sentem frustrados com as próprias expectativas. “Normalmente começam a questionar aonde podem ter errado na educação dos seus filhos. A atitude mais adequada que os pais devem ter quando suspeitam que seus filhos possam apresentar comportamentos homossexuais é procurar uma ajuda psicológica”, indica Danielle.
José Benedito Ferreira conta que foi fácil se aceitar e o medo que tinha se foi, ao contar para seus pais que é homossexual. Hoje ele vive melhor consigo mesmo, e quando foi questionado pela Revista Zoom como é a convivência com seus familiares e amigos do dia a dia, diz que é normal e que seus amigos “sabem e não falam nada, pois eles me aceitam pelo o que eu sou, e nada irá mudar. Hoje vejo que existem pessoas verdadeiras e que o preconceito ainda existe, mais logo será coisa do passado”.
Atualmente o preconceito não é tanto, se comparado a década passada, hoje já existem várias organizações que lutam pela melhoria dos direitos legais dos homossexuais e por uma visibilidade maior. E perceptível que as pessoas estão olhando os homossexuais como pessoas normais, o tema ‘homossexualidade’ é debatido com mais naturalidade em centros acadêmicos, reuniões da sociedade e em programas de TV e filmes. “A discriminação está diminuindo a cada dia. (sic) Diante disso, escolas, empresas, sociedade em geral, devem aceitar essas pessoas da maneira como são, sem preconceitos, sem discriminação, se portando de forma natural.”, explica Danielle.
Entrevista com Léo Áquila
Marcadores: EntrevistaRevista Zoom - Como e quando surgiu a personagem Léo Áquilla?
Léo Áquilla - No teatro. Eu tinha apenas 12 anos e já me apresentava. A Léo Áquilla nasceu numa peça de teatro chamada “Plásticas de sonhos” onde eu entrava em cena fazendo vitrine viva como se fosse uma boneca de corda.
RZ - Você sofreu muito preconceito no começo na sua carreira?
LA - Sim e sofro até hoje e sofrerei amanhã também.
RZ - O “Feitiço de Áquilla” foi o primeiro espetáculo apresentado e estrelado por você. A ousadia, a irreverência e a maneira diferente das suas apresentações se diferenciam e muito de outras transformistas. Por qual motivo você busca essa diferenciação?
LA - Competitividade, mas isso não é meu primeiro plano não. Estou apenas exteriorizando meu talento.
RZ - Espetáculos como “Constelação Áquilla” e “Meu nome é Léo”, é composto por um enredo. Como você cria essas histórias e as transformam nesses espetáculos?
LA - Estudo e pesquisa. Me imagino plateia e o que ela gostaria de ver.
RZ - Quantas pessoas estão envolvidas na montagem de cada show, e qual é a importância do trabalho de cada um?
LA - São muitos profissionais envolvidos, cada um em uma função distinta, mas sou eu que faço a grande maioria das coisas. Todos são importantes, mas são os olhos do dono que engordam o gado.
RZ - Você foi à primeira Drag Queen brasileira a gravar um CD. Mais uma vez sai na frente, e novamente é destaque. Como foi a repercussão disto?
LA - Tudo que é novo assusta. No começo fui rechaçada por outros transformistas, mas sei ser de vanguarda e fiquei tranqüilo. logo depois várias começaram a lançar musicas com a própria voz. Um dia quando eu morrer vão reconhecer meu valor. Ninguém é bom no seu tempo.
RZ - Qual foi a experiência ao trabalhar como repórter do programa “Noite Afora” da REDETV! e ser popularmente conhecida e reconhecida por diversas pessoas?
LA - Todos os dias as pessoas sempre me pedem autógrafos na rua e me envaideço disso, sem arrogância e sem hipocrisia. Ter tido a chance de ser repórter de TV foi a coisa mais mágica da minha vida e é até hoje, pois nasci para TV. quando eu era criança sempre dizia que ainda seria famoso e todos riam... Eis-me aqui, rindo agora.
RZ - A música “Se joga pintosa, põe Rosa”, é um ‘rit’ obrigatório nas melhores casas noturnas do Brasil. De onde veio a inspiração e qual é a mensagem da música?
LA - Não tem nenhuma mensagem, mas cada entende o que quer. Escrevi essa musica despretensiosamente, apenas para me divertir...deu certo!
RZ - Como surgiu o convite para que você fizesse o papel do cabeleireiro Tê, no filme Falsa Loura?
LA - Não houve convite, houve luta. Fiz teste com mais 3000 meninos e consegui o papel. Ano que vem filme o novo longa do Chorão, do Charlie Brow jr. Dessa vez sim foi um convite, dele mesmo.
RZ - Surgiram outras oportunidades para que você trabalhasse mais em algum filme e em outros programas de TV?
LA - Sim vários. Foi convidado para ser protagonista de um filme no Rio de Janeiro. Mas precisaria passar dois ou três meses lá, por isso recusei. Na TV também surgiram outros convites, mas nasci na Rede TV e quero permanecer por lá.
RZ - O seu nome está atrelado às maiores festas e movimentos Gays do Brasil, a qual motivo você atribui isso?
LA - Inteligência. Todos que me conhecem sabem que por trás daquela personagem tem um ser pensante e politizado.
RZ - Léo Áquilla já tem mais 10 anos de carreira e cada dia vem conquistando novos fãs. Quais foram os seus maiores desafios até hoje?
LA - Permanecer no topo. Ostento o título de maior transformista do Brasil e isso faz com que as pessoas me cobrem demais. Tenho que estar o tempo inteiro lindo e explosiva...isso cansa!
RZ - E quais são os planos para 2010?
LA - Política, política e política. Serei candidato a Deputado Estadual.
RZ - Deixe um recado para os seus fãs de Pouso Alegre e região:
LA - Amem-me ou deixem-me! Eu os amo!
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